terça-feira, 31 de julho de 2012

Família - Simplesmente TUDO

Hoje a postagem é pra lá de ESPECIAL.

Quem já passou pelo processo de descobrir a escoliose, compartilhar temores e vitórias com as pessoas mais próximas, sabe o quanto é bom ter pessoas que você pode contar, não apenas nos momentos bons, ou nos momentos ruins, mas pessoas que você pode contar SEMPRE.

Essa postagem é dedicada às pessoas que estiveram presente em minha vida nos melhores momentos dela. Em todas as minhas vitórias elas estavam lá! nos momentos difíceis, nunca deixaram que eu abaixasse a cabeça. Foram meu verdadeiro apoio, meu verdadeiro porto seguro.

Meu pai, meu ídolo, meu amigo. Meu TUDO. É ele quem prepara as minhas refeições com todo o amor que alguém pode ter. (sem contar que ele é melhor que o Edu Guedes, ô se é!). É ele quem não dorme, que me pergunta de 5 em 5 minutos se está tudo bem, se preciso de algo. Está comigo 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se algo vai me agradar de alguma forma, pode ter certeza que ele vai fazer. Deixou a casa simplesmente impecável para minha chegada do hospital, fez tudo sozinho. Me faltam nesse momento palavras para expressar o que a presença dele sempre ao meu lado, rindo, sempre conversando comigo, sempre dizendo coisas engraçadas, me faltam realmente palavras para expressar o que meu pai tem feito por mim. Papai, obrigada por ser o melhor pai do mundo!

An - An de Anjo, An de Angela, Minha Angela =) O que dizer de uma pessoa que está aqui ao meu lado, para TUDO o que eu precisar? lavar apenas a minha roupa não basta, ela arruma meu guarda-roupa, prepara a melhor comida do mundo que só ela sabe fazer, me ajudou a tomar banho nas primeiras semanas, estava aqui todos os dias para o que eu precisar. Ela devia ganhar um prêmio! é a pessoa que mais me faz rir em todo esse planeta. Ela é mais que especial e vem aí a nossa Juju, que nascerá em Novembro e claro, está participando de tudo isso sempre chutando e nos fazendo felizes! Já a amamos demais Juliana =)

Amor da Minha Vida, o que eu seria de mim, sem você? São 7 anos e meio que você me faz feliz, me apoiou nesse momento tão delicado de minha vida de forma surpreendente. Esteve comigo todos os dias me dando forças e vale lembrar que se teve alguém que sempre me incentivou a procurar um médico para que eu melhorasse a minha qualidade de vida, com ou sem cirurgia de escoliose, esse alguém foi você. Se precisar ficar acordado do meu lado, me olhando, fazendo carinho e perguntando se está tudo bem até eu dormir, zelando meu sono, sei que você estará lá ao meu lado, para TUDO o que eu precisar. Com você passei os melhores momentos que alguém pode desejar passar, só posso te dizer o que sempre digo: Obrigada por existir!

Ei, pensou que a tia Liny ia esquecer de você Triz? minha linda, você é o bem mais precioso em nossa família. Costumo dizer que você não é apenas uma criança, você é uma criança sensasional. Esteve no hospital com o vovô e com a mamãe durante mais de 10 horas seguidas, quietinha, como uma adulta, sempre dizendo que estava preocupada comigo. Surpreendeu a todos nós vendo os enfermeiros cuidar da tia Liny, mexendo no curativo, no dreno, coisas que crianças não iam gostar de ver, mas você é a melhor criança né Triz? A tia Liny não pára de pensar que você passou suas férias se dividindo entre ir me visitar no hospital e aqui em casa e sabe a cartinha que você me deu no hospital? ela é TUDO de bom! eu vou guardá-la pelo resto da minha vida! =)

Usei uma palavra igual em todos esses parágrafos dedicados à vocês, pois não existe palavra que defina melhor o que eu sinto: Vocês são TUDO para mim!

Angela, Daniel, Beatriz e José Manuel - AMO VOCÊS!
Obrigada por TUDO!





quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dia do Escritor - Homenagem à Menina da Coluna Torta

No dia 25 de Julho é comemorado o Dia do Escritor. 

Há algum tempo (meses, na verdade) eu já vinha pensando em postar sobre o livro da Júlia Barroso, mas a ansiedade com a cirurgia, o final de semestre na faculdade, me fizeram adiar essa postagem, Mas agora, como estou em casa em recuperação da cirurgia, não poderia ter hora nem data melhor para falar sobre o livro.

Quando eu conheci o blog da Júlia, lembro-me de ler inúmeros artigos diariamente, por vários dias seguidos, até que eu pudesse ver que tinha lido o blog inteiro. Quando você tem escoliose e descobre outras pessoas na mesma situação que você, além de se sentir mais segura, você passa a se identificar com todos os casos, se ver na situação do outro e foi assim que me senti quando li o blog e resolvi comprar o livro.

Quando comecei a ler o livro, vi que não ia poder parar de ler até ver o final daquela história real. A Júlia foi muito corajosa, em narrar o quão difícil foi iniciar o tratamento com o uso do colete, a piora, a cirurgia. Eu digo corajosa, pois ela expôs de forma muito ampla sua vida, o seu sonho de ser mãe e claro, muitas outras histórias incríveis que não vou dizer aqui para não tirar o prazer dos novos leitores ao ler o livro.

Ao final do livro, me surpreendi com os depoimentos de pessoas que também possuem escoliose. A maior surpresa foi ver que a maioria dessas pessoas eu já "conhecia", seja através de blogs, Facebook, enfim, a gente percebe que estamos todas juntas na mesma situação e claro, a maioria de nós temos o mesmo objetivo - levar a diante a conscientização da escoliose, de forma a compartilhar com outras pessoas a nossa experiência e de certa forma, ajudar a amenizar o sofrimento do outro ao se sentir, muitas vezes, desamparado ao descobrir que possui escoliose.

E é dessa forma, simples, mas de coração, que faço essa singela homenagem à Júlia Barroso, por ter tido a coragem e perseverança em escrever o seu livro e dessa forma, ajudar a tantas pessoas!

Muito Obrigada Júlia e Parabéns Pelo seu Dia!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Escoliose: Conscientizar - Apoiar - Respeitar - Defender

Hoje estou aqui para falar de uma causa a qual estou apoaindo.

Em meio a esse nosso mundo de pesquisas sobre escoliose, a gente acaba conhecendo pessoas com histórias incríveis e em meio à essas pessoas pude conhecer a história da Gabriela Galindo, uma moça muito bonita e bailarina, que sofreu na pele o fato de ter escoliose e ter de conviver com o colete, com as roupas apertadas em seu amado balé, mas também deu a volta por cima, operando a coluna e levando a diante essa causa maior defendida por quem, como eu, já passou pela mesma situação, que é a conscientização da escoliose, com o intuito de que as pessoas conheçam e saibam identificar de forma precoce tal problema. 

A camiseta foi idealizada e está sendo vendida pela Gabriela a todos que queiram apoiar esta causa.



Escoliose: Conscientizar - Apoiar - Respeitar - Defender

A Tão Sonhada Alta - E a Volta Para Casa

No hospital Abreu Sodré / AACD onde operei, fui muito bem tratada, a equipe é fantástica e sou só elogios. Mas tem coisa melhor que a nossa casa, gente?

Do dia da internação, passando pela reação alérgica e nova data da cirurgia, eu fiquei um total de 9 dias internadas. Para mim, foi uma eternidade. Chegou um momento em que eu não conseguia mais sentir os cheiros das roupas de cama (por sinal no começo eu achava super cheirosas), não conseguia mais tomar os lanchinhos que a gente tem que comer de 3 em 3 horas (chocolate quente com biscoitinhos bauducco) nossa, eu não suportava nem sentir o cheiro da comida, que antes eram Bife ao Molho Madeira, Bife a Rolé, Filé de Frango (gente, tudo muito bem temperado, com sal, uma delícia!)... mas que depois que meu intestino parou de funcionar e meu médico determinou dieta leve... tudo era sopinha, purê, carnes e frangos desfiados (peguei trauma de frango e não consigo comer nem sentir cheiro até agora, quase 20 dias depois da cirurgia). Enfim, eu SONHAVA com o dia que iria para casa. Como já citei no post anterior, fiz de tudo para ser uma boa menina e ir para casa naquela quarta-feira. Meu pai, minha irmã e noivo achavam que não, que eu iria ficar mais uns dois dias, mas eles não estavam lá o tempo todo vendo todo o meu plano ser posto em prática e como eu demostrava que estava boa para ir para casa.

No dia anterior, um enfermeiro muito gente boa que cuidou de mim e uma outra muito legal tbm tinham uma tarefa: retirar o meu curativo. Isso significa retirar aquele adesivo filho-da-mãe que cola mais que superbonder na pele, é a prova d'água e o caramba, e eu pensando que tudo o que eu queria era me livrar dele. E assim foi. Isso foi bem no horário de visita e eu me surpreendi com a minha sobrinha de 8 anos, que ficou olhando tudo, sem medo, viu a cicatriz e achou tudo normal. Meu noivo morria de agonia também mas ficaram todos ali firme e forte olhando eles tirarem o que estava me incomodando.
Eles puxaram com calma mas ainda assim eu segurava no apoio lateral da cama, respirava fundo e soltava. Em determinado momento soltei um grito mas era de alívio, foi bem quando senti que tinham retirado tudo. Nossa, que liberdade!!! eles fizeram um curativo bem simpleszinho com gaze e esparadrapo bem fininho e aquilo me motivou a me movimentar ainda mais e cair fora de lá o quanto antes =D

Já na manhã da quarta-feira, aguardei a minha anjinha Cibely mais ansiosa que nunca, mas para minha decepção era folga dela. Uma outra enfermeira muito boazinha me deu banho, fui passear no Shopping, tudo mais cedo. As 11 da manhã meu médico foi me ver e eu disse a ele que queria ir para casa. Ele disse que eu estava bem e ia lá assinar a minha alta! Mais uma vez ele saiu do quarto e meus olhos lacrimejaram. Quando ele voltou me entregos receita médica, alta, tudo o que eu queria. Eu o agradeci da maneira que eu pude, pois sei que serei eternamente grata à ele e quando ele saiu, liguei para o meu pai, para minha irmã e para meu noivo, este, também mandei um sms dizendo "vem me levar pra casa! =D" Todos ficaram surpresos pois eu dizia o tempo todo que iria embora naquele dia e fiz por onde.

Quando a Isabel chegou pedi para ela me ajudar a me trocar, pra eu não sair com o pijama que eu estava do hospital. Ah e pela primeira vez, coloquei sutiã. Mas não qualquer sutiá, um que é uma espécie de top e não tem ferrinhos, sendo que o fecho é na frente, pois eu ainda não usei meus outros sutiãs tradicionais. Eu não aguentava mais e meus seios já até doíam, mesmo eu colocando regatinhas por baixo das blusas. Ela me ajudou a me trocar, e quando meu pai chegou só faltava eu colocar o tênis. Tudo pronto, verificamos se tudo estava na mala, penteei o cabelo sozinha e sem aguentar chamar uma enfermeira fui até o balcão que ficava de frente ao meu quarto pra saber se já podia sair correndo. Assinei minha carta de alforria e aguardei chamarem um enfermeiro para me acompanhar até a recepção. Um enfermeiro que ficava na administração chegou e lá fomos nós. Perguntaram se eu ia sair "em pé" (queriam me levar na cadeira de rodas até lá embaixo) e eu disse que entrei em pé e dessa forma eu sairia. Chegando no elevador encontramos o enfermeiro bonzinho que tirou o meu curativo e ele pediu minha ficha ao outro e disse que acompanharia meu pai e eu até a recepção. Eu disse à ele que queria ir ao bazar e ele disse que tudo bem, que depois da recepção ele me levaria ao bazar. Uma vez na recepção térrea fui até lá, a moça me desejou uma ótima recuperação e me deu um bom bom numa embalagem muito das chics com uma etiqueta desejando boa recuperação. De lá fomos ao bazar onde eu através de uma doação adquiri a Nina, mascote do Teleton. Eu tinha prometido a mim mesma que sairia de lá com um dos mascotes para deixar no carro e sempre me lembrar daquela causa. Chegando na porta meu noivo estava lá com o carro parado, me esperando. Um príncipe! ele e meu pai tinham colocado dois travesseiros no banco traseiro mas eu quis ir na frente. Coloquei um travesseiro nas costas e lá fomos nós. Andar de carro foi melhor que o esperado. Eu só sentia agonia em descidas, mas meu noivo me trouxe bem devagar e não senti buracos nem lombadas. Já chegando próximo a minha casa, um acidente e a gente ficou um tempão ali parado. Comecei a cansar da posição, a resmungar, mas graças a Deus passamos dali e chegamos. Ao ver meus cachorros já fiquei com vontade de chorar, mas meu noivo distraiu eles e tive que passar por eles direto pois eles pulam.

Ao abrir a porta de casa, comecei a rir feito louca. Minha casa toda pintada para me receber, eu queria abraçar o sofá novo, queria sentar, deitar, queria tudo, mas fui direto pro meu quarto. Lá chegando meu pai arrumou cuidadosamente a minha cama com lençóis novos e ele mesmo fez uma cabeceira para minha cama, que é box e antes não tinha. Meu quarto também recém pintado, para mim, era o paraíso. Deitei na cama e chorei compulsivamente de felicidade, meu pai e noivo não entenderam tanta choradeira, mas uma coisa eu digo, ficamos muito sensíveis depois de passar por todos esses procedimentos, cirurgia e tal.

Em casa, era receber os meus amigos queridos que não paravam de mandar msg e brindar a minha vida. Foi um dos dias mais felizes de minha vida!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Dias no Quarto e Anjos

O Segundo dia no quarto foi bom pela manhã. Meu médico me visitou, disse que ia pedir para tirar a sonda urinária e isso já me animou, afinal, eu teria de levantar para ir ao banheiro e ansiava por saber como seria levantar. Uma enfermeira linda e meiga chamada Isabel me tratava super bem, foi ela que retirou minha sonda, me dava as medicações e sempre olhava meu curativo. Ainda no período da manhã, chegou uma fisioterapeuta e disse: Vamos sentar? puxa vida, que categoria! ela me colocou sentada e depois em pé. Foi estranho e de cara percebi que eu estava mais alta! estava vendo o mundo "de cima" haushauhsa dei os primeiros passinhos no quarto e deitei novamente.
Logo depois um ANJO apareceu para me ajudar a tomar banho. Cibely. A melhor enfermeira daquele lugar. Me tratava como se eu fosse irmã dela. O banho que eu tomei sentada naquela cadeira de banho foi o o melhor de toda a minha vida. Eu olhava a minha barriga toda inchada, pernas bambas e sorria. Gargalhava igual uma louca quando a água caia quentinha nas minhas costas. Eu dizia: "É muuitoo booomm" e a Cibely me deixava ficar um tempinho com a ducha nas costas.

O horário da visita era o mais aguardado, como sempre. Minha irmã mais velha foi me ver, juntamente com minha outra irmã que não saiu do meu lado, meu pai e claro, meu noivo, que foi todos os dias também. Pena que o tempo passava rápido. A TV ficava sempre ligada e eu não tinha vontade nem de assistir nem de trocar de canal. A noite chegou e com ela a pior sensação que tive no hospital. Por algum motivo, eu não conseguia me mecher, dependia das enfermeiras para fazer qualquer movimento na cama. Não sentia dor propriamente dita, mas não conseguia fazer nada. Mais tarde percebi que era o adesivo do curativo que repuxava minha pele das costas e como eu não a sentia mas ela estava voltando a sensibilidade isso causava um mal-estar descomunal. Eu ainda estava ligada à morfina, me levaram um soro e eu ficava contando as gotinhas. O meu tédio era tanto que por horas a fio eu contei e quando cheguei no número 600 cansei. Lá pela 1 da manhã eu não aguentava mais a posição, o soro, a morfina, nada. Sentia o gosto da medicação na garganta, queria virar de lado, não conseguia, o adesivo puxando, entrei em desespero. Uma enfermeira me ajudou a deitar de lado, mas não colocou nenhum apoio em minhas costas e eu fiquei lá tremendo de cansaço de ficar naquela posição, apertando a campainha e ninguém aparecia. Foi aí, no ápice da sensação de desespero comecei a gemer (e alto) de dor. Mas não era bem dor, era a junção de toda aquela terrível sensação. A enfermeira demorou uns 20 minutos para aparecer, o suficiente para eu estar soluçando de raiva e desconforto. Ela ligou o oxigênio e colocou aquelas mangueirinhas transparentes em meu nariz. Eu falei que não queria aquilo em mim e ela disse que era preciso para que eu me acalmasse. O ar que entrava em meu nariz tinha ainda mais cheiro de remédio e assim que ela saiu arranquei aquilo de mim. Logo na sequencia fiquei com medo de dormir sem aquilo e coloquei de volta. Não sei para que, afinal, aquele noite, não dormi nem 1 segundo.

Eu contava os segundos para mudar o plantão pois as 6 da manhã a Cibely chegaria. Quando ela chegou ja foi tirando o oxigênio de mim, me acalmando e me deu banho mais cedo para eu relaxar. E foi o que aconteceu. Depois do banho consegui dormir uma horinha.
Mais tarde, fui passear no shopping (andar no corredor do hospital) e foi muito bom olhar pela janela, ver o transito nosso de cada dia da minha cidade. Para impressionar minha família e eles verem o quanto eu queria ir para casa logo, os aguardei no horário de visita sentada na cadeira e não na cama como de costume. Todos estavam felizes de ver que eu já me movimentava melhor e que eu conseguia ficar um tempo sentada.

No terceiro dia acordei muito indisposta. Uma coisa que estava me incomodando muito era o inchaço da minha barriga e eu ainda não tinha conseguido ir ao banheiro fazer o serviço completo, ou seja, os enfermeiros ficavam me cobrando e nada acontecia. O adesivo também estava me matando e eu achava que ele estava impedindo que eu fosse feliz! (ah sim, eu sou extremista, mas não é exagero). Aquele dia disse à fisioterapeuta que não me sentia bem para ir ao Shopping e aguardei bem quietinha minha família ir me ver. Como no dia anterior eu os aguardei sentada na cadeira, acho que todos ficaram surpresos em ver que eu estava indisposta. A essa altura, minha barriga parecia de gestante e eu não podia tomar Lufital devido a alergia. Eu estava tomando Tamarini e nada acontecia. A enfermeira chefe pediu um suco laxativo e meu médico disse que se nada adiantasse iriam fazer uma lavagem pois eu estava muito inchada. Eu já estava sem medicações na veia, sem morfina, apenas tomando Tilex de 6 em 6 hrs. Decidi que ninguém ia fazer lavagem nenhuma em mim e eu pensava o tempo todo em como eu queria ir ao banheiro. Mas, eu estava com a barriga tão inchada que não conseguia respirar fundo. Tudo doía, e eu não conseguia eliminar gases. Quando meu pai e meu noivo foram embora, chamei a enfermeira e falei pra ela fazer o que tivesse que ser feito, contanto que minha barriga desinchasse.

Aquele foi um dos piores momentos. Lavagem, fralda, tudo o que uma pessoa idependente como eu achava que nunca ia passar na vida aconteceu. Mas, virei uma bomba relógio de tantos gases sendo eliminados, minha barriga começou a desinchar e eu tinha certeza que naquela noite eu conseguiria ao menos voltar a respirar fundo novamente.

Mais uma noite insone e já que não tinha soro para contar as gotinhas resolvi contas as lajotas de gesso do teto do quarto. Contava, somava-as na diagonal, tentava adivinar o número de quartos no corredor e multiplicar esses números de lajotas. Tudo em prol de ver a noite passar mais rápido.

Na manhã do quarto dia eu era outra pessoa. Barriga "sarada", banho maravilhoso que a Cibely me dava, lavando meus cabelos melhor que eu mesma. Eu ansiava pela visita do meu médico para que eu pudesse implorar à ele para tirarem aquele curativo de mim. Ele continuava tirando meu sono, meus movimentos na cama e incomodando horrores. Eu tinha um plano. Para provar que estava bem esperei a fisioterapeuta vir e com a maior empolgação fui passear no shopping. Mais tarde, um outro fisioterapeuta, que pegava pesado (segundo ele alguém tinha que fazer o serviço sujo) fez vários exercícios comigo e eu ali, firme e forte. Voltei ao quarto e a cama estava feita. Decidi esperar meu médico na cadeira (tudo para que ele pudesse constatar que eu já estava bem) mas ele demorou e na hora da visita, ele chegou. Minha irmã, sobrinha e meu pai estavam lá comigo e o meu médico disse que ia pedir para tirar o dreno, o catéter do pescoço e se tudo corresse bem em 24 horas eu teria alta. Eu falei com ele sobre o adesivo e ele disse que ia pedir para fazer um menor e sem o tal adesivo a prova d'água. UFA! finalmente! Ele mal tinha saído do quarto e comecei a chorar de alívio e felicidade. No dia seguinte, EU IRIA PARA CASA!

sábado, 21 de julho de 2012

Cirurgia, UTI e 1º dia no Quarto

Depois do susto que foi a reação alérgica em plena mesa de cirurgia, o jeito era fazer novos exames, iniciar um tratamento para ir preparando o organismo e recomeçar tudo de novo. Meu médico conversou comigo e me disse na terça-feira mesmo que eu ficaria internada até sexta, quando realizariam a cirurgia. Essa parte de ficar internada 3 dias sem estar doente nem em recuperação foi difícil, pois para qualquer pessoa 3 dias passam rápido, mas para uma pessoa ansiosa e em um hospital 3 dias pode ser uma eternidade.

Minha família e meu noivo iam me visitar diariamente, todos estavam ansiosos mas confiantes que desta vez tudo ia dar certo. Na sexta, meu pai e minha irmã foram para o hospital as 6 da manhã, isso permitiu que meu pai me acompanhasse até a entrada do centro cirúrgico. Eu estava tranquila. Me deram aquele comprimidinho azul mas dessa vez eu consegui ficar acordada até entrar no centro cirúrgico. Me despedi do meu pai e a enfermeira me levou lá pra dentro. Vi muitas pessoas, e o assunto era: Corinthians campeão da Libertadores. Comecei a rezar para dormir logo pois além de odiar o Corinthians aquela movimentação toda me deixava nervosa. Alguem se aproximou de mim e pronto, apaguei.

Acordei na UTI, abri os olhos bem grog e por incrível que pareça o meu primeiro pensamento foi olhar para os meus pés e mecher as pernas. Tudo mechendo? maravilha! apaguei novamente.
Da UTI lembro das visitas da minha família, noivo e família da minha amiga Kellen Santos que já estava no quarto se recuperando. Lembro da refeição que fiz quando acordei, estava uma delícia e tinha mousse de chocolate. O enfermeiro que me deu comida na boca era um amor de pessoa, eu me lembro de ter afirmado para ele que eu não tinha dúvidas de que ele fazia aquilo que amava e ele concordou.
Eu não sentia dores. Me deram um controle para disparar a bombinha de morfina mas depois de apertar duas vezes para ver o que acontecia, percebi que não acontecia absolutamente nada. Mais tarde, um enfermeiro me disse que a morfina estava sendo liberada em fluxo contínuo e de tempo em tempo, não era necessário eu apertar o botaozinho.

No sábado de manhã, menos de 24 horas depois de ter chegado na UTI, meu médico foi falar comigo e me disse que já iam me levar para o quarto. Que maravilha! era só tomar o café da manhã e ir. Esperei o café ansiosamente e quando o mesmo chegou, uma enfermeira colocou ele prox a mim naquelas mesinhas, me disse "pronto, come aí" e saiu. Até agora me pergunto se foi maldade ou inocencia. Como eu ia cortar um pão francês, passar manteira e me servir numa xícara se eu mal me mechia. Confesso que me senti a pior pessoa do mundo, virei o rosto de lado e jurei que não ia comer nada daquilo.
Uma copeira passou e pedi para ela retirar o café e disse que estava sem fome. Logo depois, duas enfermeiras super simpáticas me disseram que iriam me levar para o quarto. A primeira pergunta que eu fiz foi "vão precisar me trocar de cama?" "não!". Ufa! para mim isso era impensável.

Cheguei ao quarto. Minha família não estava lá pois ainda era cedo e a visita só era permitida no horário da visita, que era das 15:00 as 17:00. Eu mesma liguei para o meu pai do quarto para dizer que estava no mesmo e ele imediatamente foi para lá, apesar que ainda assim não pôde subir.
No horário da visita todos estavam lá e eu estava radiante em saber que tinha dado tudo certo. Eu estava com o dreno, que os médicos e enfermeiros chamam de "cachorrinho" pois onde você vai ele vai atrás haushahsuahsa e com a sonda urinária. Não conseguia mecher mto os braços, pescoço e virar na cama ainda era impensável para mim. A bombinha de morfina continuava lá e dores eu não sentia nenhuma. Não durmia nada nada a noite, dormia uns 10 minutos, acordava e demorava horas para dormir mais 10 minutinhos novamente. E assim foi o primeiro dia no quarto.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Internação, Anestesia e a Reação Alérgica

Finalmente, o dia da internação chegou. No dia 02/07 internei para o aguardado dia 3 - dia da cirurgia!
Por incrível que pareça, apesar de ter engordado 2 kg devido a ansiedade e o tanto de besteiras que eu comia para tentar dribla-la eu internei tranquila e fiquei pasma pois na noite que anteceu a cirurgia dormi muito bem, a noite toda, acordando apenas com a enfermeira me chamando para tomar banho e me preparar para ir para o centro cirúrgico. Meu plano é enfermaria, o que não me dava direito a acompanhante por ser maior de idade. O jeito seria enfrentar tudo de frente e sem companhia. Mas minha família estava me apoiando e se dependesse deles eles ficariam na recepção dia e noite e claro, Deus estava lá comigo o tempo todo.

A hora chegou. Tomei o banho com aquele líquido antibacteriano que eles nos dão. Enquanto o chuveiro esquentava eu fiquei me olhando no espelho, de frente, de perfil, e imaginando o quanto minhas costas e cintura (já que um lado da cintura era "quadrado" devido a curva" iriam mudar depois da cirurgia. Entrei no chuveiro e mil pensamentos passavam pela minha cabeça, eu pensava "quando será que tomarei banho normalmente assim novamente, sem dor e tranquila?", "será que a água ao cair na cicatriz dá uma sensação boa ou ruim?" e assim eu terminei o meu banho, coloquei aquele avental amarrado atrás e fiquei esperando a anestesista.

Uma senhora simpática aparentando uns 50 anos entrou e se apresentou como anestesista. Me disse que já estava ciente de minhas alergias (já que eu levei 10 cópias de uma recomendação médica do meu alergista à equipe que ficaria responsável por mim explicando meu caso e citando todos os medicamento que haviam constado alergia em exames). Ela me trouxe um comprimido azul e disse que eu ficaria com sono e dormiria logo. Mandei sms para meu pai, irmã e meu noivo tranquilizando a todos e dizendo que iria para o centro cirúrgico. A maca chegou, me deitei, vi quando saímos do elevador e chegamos à porta do centro cirúrgico. De repente não vi mais nada. Dormi.

Acordei me debatendo muuito, com muito frio ao ponto de sacudir toda a cama. Eu ouvia vozes das enfermeiras ao redor de mim dizendo "ela não operou" "alergia" "vancomicina". Pedi pelo amor de Deus mais cobertodas pois ia morrer de frio, sentia o peso de pelo menos 3 cobertores sendo colocados em cima de mim. Abri os olhos. Me sentia com frio, mas normal, tentei levantar e a enfermeira me disse "você não operou. "O QUE? COMO ASSIM?" ela me respondeu "você teve uma alergia muito forte a um analgésico ministrado junto à anestesia. Cancelaram sua cirurgia. Você vai para o quarto agora.

Apaguei. Acordei com meu pai ao lado de minha cama, passando a mão nos meus cabelos e com um sorriso nos lábios. Ele estava lá na recepção o tempo todo, avisaram ele apenas 4 horas depois disso tudo dizendo que eu já estava no quarto, então ele imaginava que eu tinha operado e não precisaria ficar na UTI. Olhei para ele e disse "Não operei" ele ficou pasmo e não queria acreditar no que eu estava dizendo. Meu médico entrou no quarto, nos mostrou a foto que ele tirou de mim com a reação alérgica e me explicou que já estava tudo pronto para começar, ja tinham lavado minhas costas, quando começou a reação. Aquilo que vi na foto foi assustador. Muita vermelhidão, manchas vermelhas enormes. Ele me explicou que por eu estar entubada e sedada, não foi difícil controlar a situação. Numa situação diferente poderiam ter acontecido coisas terríveis como edema de glote, e outras coisas que prefiro nem pensar.

Virei uma mini celebridade entre os enfermeiros "A menina da alergia" e meu médico me disse que iria se reunir com uma infectologista para debater meu caso e que ela iria passar por lá para falar comigo. Realmente ela foi lá e me tranquilizou dizendo que Vancomicina costuma realmente dar reações mas já que não havia nada em meu histórico a usaram, mas que dessa vez iriam usar uma outra droga completamente diferente e que não tinha histórico de alergia. Bom, fiquei imaginando se eu iria ou não inaugurar esse histórico. Resolveram que eu iria ficar no hospital mais 3 dias, até sexta-feira dia 06 quando finalmente eu iria operar. E lá fomos nós.